segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A insegurança e a dependência



Elas se odeiam, mas parecem me amar.
Me pergunto se a dependencia trouxe insegurança pelo medo de ficar sozinha. Ou se a insegurança arrasta sempre a dependencia consigo como uma desculpa, um motivo tolo para continuar existindo.
Não sei exatamente o que elas sentem uma pela outra. Mas sei que o que elas sentem por mim é o que algumas pessoas chamam de amor. Eu chamo de psicose. Aquele tipo de amor que maltrata, cobra e obriga. Eu não quero elas por aqui... queria que entendessem isso de uma vez. Mas é muito dificil convencer alguém que te ama que é melhor manter distancia. Porque quando a gente ama, e sei disso porque eu amo muito e muitas vezes, o que a gente quer é sempre o oposto disso: é se manter por perto independentemente de como ou porque.
É tão frustrante quando você percebe que se você não gritar o tempo inteiro que você existe, você nunca vai ser notado, nunca vai fazer falta. A insegurança me faz sentir isso, o tempo inteiro ultimamente.
É extremamente irritante saber que por mais que você tente não se importar com a falta de sentimento, de pessoas, de amizade e de carinho, você precisa dessas coisas. Eu preciso demais de tudo isso, é o que a dependência me faz.
Mas não tenho... e procuro, e tento, e forço, e obrigo e puno... como a insegurança e a dependencia fazem comigo.
Não gosto de refletir esses sentimentos ruins nos outros. Gostaria que me internassem num lugar bem fechado e pequeno. Gostaria que me mandassem para um vasto e imenso vazio. Longe de todas as pessoas, para que esses meus dois demonios me consumissem por completo sem que eu tivesse que magoar ninguém.
Mas nem mesmo o isolamento e a frieza são tão faceis quanto parecem, diante delas duas.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A verdade sobre a amizade e o carinho

Socar a parede, engolir lágrimas, decepcionar-se.
Peço desculpas, não por ter amado, mas por ter dependido e acreditado.
Quero sangrar, quero que as lágrimas rolem.
Infeliz é a certeza de que não posso prometer a mim mesma que nunca acreditarei de novo.
Sentir a dor, quer mais, querer parar.
Como Alice, sinto-me caindo sem a menor expectativa de chegar ao final da queda.
Piorar e piorar, até quando isso é possivel?
Tentarei me afastar de tudo aquilo que me faz bem, pois me torna dependente, me trás decepções.
Peço desculpas, nçao por ter me afastado, mas por pensar por um segundo que fosse que vocês também se importavam comigo.


さようなら

quarta-feira, 5 de agosto de 2009



I've been a puppet, a pauper, a pirate,
A poet, a pawn and a king.


Faltava bem pouco para chegar em casa, talvez mais um ou dois pontos quando ela entrou. Carregava umas três sacolas enormes de maneira desengonçada, mas ainda assim graciosa. Sim, eu sei que isso não faz muito sentido, mas tenho uma tendencia a me apaixonar pela beleza natural das coisas e pelas coisas naturalmente belas. Ela não tinha nada de especial, não estava muito bem vestida, não tinha explendor algum em seus movimentos, mas não havia nada de artificial na beleza dela. Assim como o oposto, isso me encanta.
Ela parou de pé perto de mim e, quando eu estava prestes a me oferecer para segurar uma de suas sacolas, o homem ao meu lado se levantou para descer do ônibus. Ela sentou aliviada naquele lugar e pude ouví-la suspirar: "Que sorte. Não acreditava que ia a pé até lá." Um pequeno sorriso infantil em seu rosto. Como qualquer criança esperta, ela não precisava de muito para sorrir. Disfarcei e sorri junto com ela. Pensei em esperar mais um tempo no onibus, saber onde ela iria descer, oferecer ajuda com as sacolas, mas já não sou mais uma criança esperta. Desci e voltei a me preocupar com tudo aquilo que preocupa os adultos. Sorte a minha que minha alma ainda é uma criança e consigo não me frustrar com isso. Consigo apreciar as coisas.
Neste momento Frank sussurra em meus ouvidos, tenho um milhão de coisas à fazer, mas... por hora... só quero ficar aqui e sorrir.

domingo, 2 de agosto de 2009

I die without you


Sua mão deslizou sobre a gelada e escura madeira. A sensação daquele toque, naquele momento, era como ouvir em seu coração todas as sad songs que já o haviam feito chorar até então. Um arrepio arrasador correu da ponta de seus dedos, subindo seus braços, até sua nuca. Sentiu a garganta se fechar contendo a lágrima nos olhos, sentiu o olhar pesado das pessoas nos bancos de madeira atras dela, sentiu o peso das palavras que não vinha a nenhum deles naquela hora, sentiu o peso de ter que falar todas as coisas felizes a respeito da historia dela, sentiu as lágrimas rolarem incontrolavelmente ao chegar no final de seu discurso e deixar uma sutil rosa branca sobre o tampo de madeira.
Nada mais fazia o menor sentido. As cores não estavam lá, os sorrisos não etavam lá, o ar... sua vida se fora na vida daquela a quem amava.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Remember me


Special dreams...

Nada como um pouco de solitude para te fazer acender um cigarro. Pensar na falta de produtividade que a sua vida virou; você aprende muito e não cria nada. Então você percebe o quanto está só... Quero dizer, você sabe que pode ligar para várias pessoas que vão entender que você pense que está só e vão tentar te convencer do contrário. Pessoas com quem, por mais que a expressão esteja batida, você sabe que pode contar.
A questão é: você não está apenas sentindo solidão, está sentindo pena de si mesma pela sua solidão, sua insignificância e sua falta de caráter em certos momentos. Então você liga para alguém que vá confirmar seus defeitos, certo? Alguém por quem você não tem mais estima, mas cuja opinião, de alguma forma, ainda te influencia.
Confirmados os seus sentimentos egocêntricos de inferioridade, você espera a ligação cortar sem a coragem para fechar seu celular moderninho de flip sem ter certeza de que desligaram do outro lado da linha.
Finalizada a ligação, você ouve a voz de Brian Molko no final de English Summer rain, olha para sua mochila largada perto da cama e visualiza o maço de Black praticamente vazio dentro dela. Só um último cigarro e o isqueiro dentro dele; você lembra que tinha dito para si mesma que só ia acendê-lo em um momento único, algum momento com significado, lembra que sua mão não aprova o fumo, lembra que você mesma não o aprova! Mas aquele é um momento especial, certo? E você tem que acabar com aquilo antes que se acostume a ter um maço na mochila, não é?
A música acaba. “The sea’s evaporating, tough it comes as no surprise, there clouds we’re seeing, they’re explosions in the sky, hush... It’s okay, dry your eyes, dry your eyes.” Nada poderia parecer mais uma confirmação da sua sina.
Silenciosamente, você abre a mochila, pega o maço, tira o blackzinho de dentro dele, fecha a porta, vai até a janela e abre a cortina. Ainda com um “q” de resistência você acende seu isqueiro barato de não-fumante. Trague e acenda seu cigarro. As coisas mudam, sua postura muda, você muda, mas não deixa de ser você.
Você volta a pensar na sua improdutividade, mas vê a coisa com outros olhos. Você se sente mais digna, de uma forma fútil e covarde, por mais contraditório que isso possa ser. “Farewell the ashtray girl, forbidden snowflake. Beware this troubled world...” Só com o cigarro acedo a garota cinzeiro em você consegue enxergar motivos para a falta de preocupação e criatividade que é o mundo hoje em dia. Você pensa em todas as pessoas grandiosas e viciadas em nicotina... São muitas por sinal. Acredite por um minuto que você é inteligente e culto, ou seja lá no que você preferir acreditar. É uma verdadeira masturbação intelectual observar a rua silenciosa imersa em fumaça, mas você nunca vai chegar a gozar.
O cigarro está acabando, mas a fossa continua lá. A diferença é que agora você ganhou certo gás para sair dela... literalmente ou não. Convenientemente Brian começa a cantar “See you at the bitter end...” para você. Você nem se dá ao trabalho de apagar o cigarro, joga-o pela janela aceso antes de chegar à logomarca perto do filtro. Se dirige até o banheiro, escova os dentes e torna todo o esforço e tensão inúteis... Não, não foi inútil. Um cigarro dura exatamente o tempo no qual ele estiver aceso em suas mãos. Janela aberta, porta aberta, pasta de dentes de menta, sabonete de lavanda, você torce para que o cheiro todo tenha sumido até o amanhecer.
Foi especial afinal, este ultimo Black, como prometido sem palavras. Pelo menos por hora ele acabou com a minha improdutividade, mas quero ter certeza de que não preciso disso. Não preciso escrever sobre um cigarro e não preciso fumar para me sentir criativa. Minha criatividade não é passional, apenas eu sou passional. “Don’t forget to be the way you are... Don’t be plasticine.
Por isso escrevo, por isso toco, por isso desenho, por isso crio. Eu crio pelo que sou, muito mais do que um rolo de toxinas, serei mais a cada dia que se passar. Serei grandiosa e importante para o mundo, e minha masturbação intelectual finalmente chegará ao ápice de tudo. “Just nineteen a dream obscene, with six months off for bad behaviour.


Nota: transferido do meu antigo blog "Pleasently Strange".

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Vermelho

A porta fechou com estrondo atrás dela. Deixou cair o sobretudo e tirou os saltos enquanto se encaminhava até o banheiro. Precisava lavar as mãos e o rosto, tentar amenizar as memórias e estímulos. Olhou no espelho e, como quase todas as noites, pode se reconhecer naquele instinto puro que ainda pulsava dentro dela.
Seus olhos, sob alguns aspectos, tinham tornado-se mais carmesim. Aos poucos o pulso diminuia, o verde voltava e ela já não sabia mais exatamente quem era. Era como se em todos os momentos estivesse dopada e apenas a estirpe rubra a tornasse sã, sã para matar e transar, em extases que a maioria das pessoas nunca chega a conhecer e então chamam de a mais pura loucura.
Tirou o vestido e a lingerie brancos, soltou o cabelo deslizou para debaixo d'água fria. Não tinha certeza de quanto tempo se passara quando rexolveu sair do banho, mas estava bem mais calma e agora podia pensar sobre o que faria e o que fizera. Pôs o roupão preto e, pegando um maço de cigarros e o celular no caminho, foi até a varanda de seu apartamento simples, porém airoso.
Foi então que percebeu que havia alguém em sua cama, alguém que ela não desejava ou sequer conhecia.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Solilóquios

Happiness is a warm gun mama
Ela ouvia enquanto deslizava naquele metal frio e desconfortavel. Sua peruca branca combinando com sua lingerie; o público não aplaudia, mas podia-se perceber que eles gostavam.
Engel Cortez avistou facilmente o homem tatuado que procurava naquela platéia. Terno, oculos escuros, uma mulher claramente bebada, mas ainda assim sexy, em seu colo, capangas incompetentes o vigiavam sem disfarçar, certamente era o mais indiscreto deles. Quem eram eles? Não fazia ideia, preferia assim.
Terminou sua performance coletando o dinheiro daqueles homens exaltados e sem a menor confiança. Voltou para o camarim, se é que poderia ser chamado assim, enquanto anunciavam a próxima dançarina. O lugar era grotesco, sujo, lotado, cheirava a suor, sexo e maquiagem. Cortez pegou seu sobretudo, tirou a peruca, colocou óculos escuros e fazendo questão de passar bem perto do tatuado e lançar-lhe um olhar convidativo, saiu pela porta lateral do estabelecimento.
Não precisou esperar muito fumando do lado de fora, como imaginara, ele veio até ela como uma presa facil que ele claramente era.
"Tem fogo?" ele não poderia ser mais clichê. A vontade que tinha era de dar uma resposta malcriada sobre como era obvia aquela pergunta uma vez que ela estava fumando e fazia tanto frio em Nürnberg naquela época do ano.
Sem responder Engel puxou o zippo da barra da meia 7/8 e abriu-o. O homem bem vestido tragou seu cigarro favorito pela ultima vez.