A porta fechou com estrondo atrás dela. Deixou cair o sobretudo e tirou os saltos enquanto se encaminhava até o banheiro. Precisava lavar as mãos e o rosto, tentar amenizar as memórias e estímulos. Olhou no espelho e, como quase todas as noites, pode se reconhecer naquele instinto puro que ainda pulsava dentro dela.
Seus olhos, sob alguns aspectos, tinham tornado-se mais carmesim. Aos poucos o pulso diminuia, o verde voltava e ela já não sabia mais exatamente quem era. Era como se em todos os momentos estivesse dopada e apenas a estirpe rubra a tornasse sã, sã para matar e transar, em extases que a maioria das pessoas nunca chega a conhecer e então chamam de a mais pura loucura.
Tirou o vestido e a lingerie brancos, soltou o cabelo deslizou para debaixo d'água fria. Não tinha certeza de quanto tempo se passara quando rexolveu sair do banho, mas estava bem mais calma e agora podia pensar sobre o que faria e o que fizera. Pôs o roupão preto e, pegando um maço de cigarros e o celular no caminho, foi até a varanda de seu apartamento simples, porém airoso.
Foi então que percebeu que havia alguém em sua cama, alguém que ela não desejava ou sequer conhecia.
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